Custo de Formação

"Estes e mais textos no site do ilustrador Flavio Roberto Mota" www.flaviormota.kit.net

Todo ilustrador ao se profissionalizar passa por um longo e muitas vezes doloroso processo de formação.

No Brasil acaba sendo especialmente doloroso uma vez que não existem cursos que objetivamente formem uma pessoa para ser ilustrador ou para estar apto a trabalhar no mercado de maneira eficaz e competitiva.

Se houvesse, por exemplo um curso profissionalizante de desenho artístico com grade tradicional específica e depois um curso superior de ilustração, teríamos uma idéia bastante razoável do tempo que se levaria para qualquer pessoa se tornar um ilustrador de maneira básica e qual seria o seu custo pelo aprendizado.

O custo de uma formação profissional não inclui apenas o quanto de mensalidade se gasta por um curso, mas quanto se gasta com livros, materiais para experimentar técnicas variadas, o tempo que se leva desde que é iniciado o estudo em uma determinada profissão até que uma pessoa possa não somente ser considerada profissional, mas esteja trabalhando na função ao qual se preparou por anos.

O tempo de formação na área de ilustração está intimamente ligada ao tempo que se passa treinando desenho, pintura, modelo vivo, técnicas variadas, etc. e esse tempo é impossível de ser diminuído, uma vez que a capacidade de domínio técnico do ser humano é muito próximo de uma pessoa para outra, sem contar que o domínio técnico inclui pelo menos a repetição mínima de mil vez para qualquer movimento físico para que o cérebro automatize esse movimento.

Também existe um processo de maturação subjetiva do artista que se dá paralelamente ao desenvolvimento de sua técnica, uma experiência pessoal que cada um acaba tendo o chegar a conclusões variadas de acordo com que percebe o seu próprio aprimoramento técnico.

Conservar esse tipo de formação não é em hipótese alguma perda de tempo, mas investimento seguro no seu próprio futuro profissional, coisa que muito curso de arte Brasil a fora vem desprezando e que acaba refletindo em tremendo prejuízo para os estudantes de arte.

Esse processo não ocorre somente no desenho e ilustração, mas também na música, na escrita, na interpretação, etc. são ofícios diretamente ligados ao desenvolvimento técnico e sensibilidade.

Ao não ter cursos que levem em consideração esse processo geralmente mais lento de maturação, o estudante se forma no curso mas continua sem uma capacidade plena de se expressar artisticamente, por isso é muito comum ao iniciante ter que fazer outros cursos visando complementar a formação que lhe foi deficiente, isso irá trazer ao estudante um prejuízo maior pelo tempo maior em que ficará sendo obrigado a estudar sem necessariamente ter algum retorno financeiro proveniente de seu estudo e pelo gasto direto com mais cursos do que seria necessário.

Outro grande problema no que diz respeito a formação profissional de um ilustrador está no fato de que muitas faculdades oferecem um curso de design incluindo ilustração como matéria na sua grade curricular e acaba convencendo os estudantes que com essa grade curricular um designer formado terá condições de trabalhar como designer e também como ilustrador.

Um curso superior de design, forma designer, assim como um curso superior de jornalismo forma jornalistas, um curso superior de medicina forma médicos, um curso superior de administração forma administradores e um curso superior de direito forma advogados.

Não é porque na grade curricular de administração também exista a matéria "direito" que um administrador formado possa também exercer a profissão de advogado. Essas matérias tem como objetivo fazer do profissional formado mais preparado para trabalhar com profissões e aspectos diversos que permeiam a sua atuação profissional. Um designer formado que também teve na sua grade curricular ilustração como matéria será melhor capacitado para quando estiver fazendo parte de um projeto em que seja necessário trabalhar com ilustração saber qual técnica e linguagem será indicada para aquele projeto, para num segundo momento trabalhar com maior eficiência com um ilustrador em parceria.

Por isso, todo estudante que pretende ser um ilustrador tem o dever de cobrar antes de um curso superior, cursos de caráter profissionalizante que tenham grades específicas para desenvolver fundamentos de desenho como perspectiva, anatomia, luz e sombra, desenho de rosto, mãos e pés, expressão corporal e facial e composição e que ofereça uma carga horária generosa que permita ao estudante ter tempo suficiente de treinar o seu desenho e assim desenvolver a sua técnica.

Em seguida o melhor caminho pelo menos na realidade que temos é o de procurar livros como a famosa coleção de livros de Walter Foster que auxiliem a ampliar seu conhecimento e seu treinamento, e consequentemente o seu domínio técnico.

Depois desse processo mencionamos uma formação de nível superior, que poderá ser aproveitada com muito mais benefícios, sem contar que, ao se entrar num curso superior com um bom domínio do desenho, o estudante tem condições plenas de paralelamente já exercer a função de estagiário ou assistente. Em termos de custo esse tipo de formação é mais econômica, uma vez que ao se fazer um curso superior sem ter tido uma boa formação de nível técnico anteriormente o iniciante somente poderá se candidatar e trabalhar, seja como estagiário ou assistente depois de sua formação, e ao se ter um estudo técnico prévio, poderá trabalhar juntamente com o estudo superior. Sem contar que a deficiência na formação pode muito bem exigir que, depois de formado, o iniciante ainda precise fazer algum curso de nível técnico para poder ter algum sucesso profissional, coisa que acaba sendo muito comum.

O prejuízo maior de se optar apenas por um curso superior é o de que o iniciante perceberá que a cada vez que fizer um curso de caráter técnico estará de certa forma como que recomeçando do zero. Situação no mínimo injusta para quem já tem um diploma universitário. Esse vai vem de situação profissional acabará atrasando o ingresso profissional, e cada contratempo na formação profissional é perda de dinheiro, perda de dinheiro por um custo a mais em cursos, perda de dinheiro por mais tempo sem poder trabalhar no mercado e perda de dinheiro por não ter salário.

Uma formação não deve em hipótese alguma ser entendida como custo, por isso não devemos optar apenas por uma formação que demore pouco ou que custe pouco, mas levar em conta o benefício que essa formação rápida e barata irá te proporcionar. No mundo rela tudo segue a lógica do custo/benefício. Uma formação mais lenta, mas mais sólida, mesmo que mais cara é um investimento que dará retorno (ou seja, se transformará em emprego com salário digno) melhor e mais cedo.

Lembrando também que é dever de todo profissional depois de formado ter uma boa noção que o custo do seu trabalho também tem incluído o tempo que levou para se formar, assim como também deve levar em consideração o tempo de experiência profissional, a estrutura profissional e a demanda do seu trabalho.

Esses itens todos serão analisados no próximo item do nosso manual: custo de estruturação profissional.


Aguardem os próximos capítulos do nosso manual,

Três Traços

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Temos, cada um de nós possibilidades de desenvolver três tipos de traço, o lento, o de velocidade média é o traço rápido.

Estou levando em consideração a experiência com materiais tradicionais, pois a computador infelismente não permite a uma pessoa desenvolver o traço na sua totalidade infelizmente.

O traço mais lento é cheio, e tem a capacidade de ser trabalhdo de maneira tremida ainda assim tendo uma certa beleza. É muito indicado para desenhos muito figurativos e cai como uma luva quando as figuras precisam ser distorcidas. Combina muito bem com técnicas de pintura águada, mas pode ser utilizada com acabamentos mais precisos, resultando efeitos muito interessantes. No entanto essa mistura de técnicas precisa ser muito bem trabalhada para não ficar grotesca.

Já o traço de velocidade média, é conehcido como um traço normal, aonde as pessoas desenham figuras em que o traço em si não necessariamente se torna um grande marco. Uma pessoa que veio do traço lento, ao adotar esse tipo de traço em um trabalho terá muitas dificuldades em realizar traços retos. Vamos supor que seja necessário fazer um desenho de um carro, de um poste ou de um edifício. É Indicado nesse caso a utilização de réguas ou uma curva francesa, pois desenhos retos precisam realmente ter traços retos nesse caso, afinal de contas a proposta do traço não é muito indicada para grandes distorções, ao contrário do primeiro caso.

Aí existe o traço rápido, muito em voga antigamente e que vem perdendo terreno entre os ilustradores da atualidade.

É fruto de bastante treino, necessita uma boa dose de concentração e o resultado costuma causar uma impressão bastante positiva. No entanto, ao se desenvolver traços rápidos, o ilustrador perde consideravelmente na precisão extrema, e ganha consideravelmente em beleza plástica. É indicado para colorizações não artificiais, em especial que sejam igualmente rápidas de se fazer, mas permitem uma finalização mais rebuscada com resultados bastante impressionantes.

Não é exatamente um traço muito indicado para se fazer no computador, uma vez que alguns programas tem dificuldades em reproduzir traços muito ágeis.

O domínoio dessas três formas de se traçar um desenho amplia para cada ilustrador a capacitação de trabalhar pelo menso com três estilos diferentes de desenho, o que também triplica a capacidade de um ilustrador poder realizar trabalhos.

Logicamente que sempre vai existir um tipo de traço que cada um de nós mais se identifica, mas é preciso sempre ressaltar que quando conhecemos a gama de possibilidades técnicas que podemos realizar, escolhemos um estilo, e quando não dominamos várias possibilidades técnicas, o estilo é quem no escolhe, e acabamos muitas vezes nos tornando reféns desse estilo.

Associação Brasileira dos Ilustradores Profissionais

Olá usuários do Portal do Ilustrador,

Gostaria que todos os ilustradores conhecessem e fizessem parte da ABIPRO. www.abipro.org

A Associação Brasileira dos Ilustradores Profissionais é uma associação sem fins lucrativos formada por ilustradores atuantes no mercado, que visa a valorização e normatização da atividade de ilustrador no Brasil. A ABIPRO se consolida como um canal de comunicação entre profissionais e mercado.

Abaixo segue a carta sobre a ABIPRO para que entendam mais.

Abraço

Diretoria do Portal do Ilustrador

Caro Associado,

Como todos sabem, o objetivo da ABIPRO, desde a sua fundação, é o de orientar e servir de instrumento capaz de incentivar e estimular o ilustrador associado, seja ele profissional, com muitos anos de experiência, ou mesmo iniciante, a ser mais preparado para o mercado; e criar políticas que visem orientá-lo a desenvolver pontos mais frágeis perante os seus clientes, aumentando sua eficiência no mercado e elevando o nível de profissionalismo, além de perpetuar com qualidade nossa profissão.

No entanto, é de conhecimento de muitos que a ABIPRO vem tendo dificuldades em manter suas ações já a algum tempo, devido ao fato de que muitos dos membros que compuseram a sua diretoria não puderam continuar a desempenhar suas funções com a mesma energia por questões nos campos profissional e pessoal. Entendemos que embora a movimentação nos últimos meses seja muito baixa por conta dos remanescentes, estamos a algum tempo estudando a continuidade de nossas ações.

Para isso, entendemos que somente continuaremos a seguir com nossos propósitos com a ajuda, participação, opinião e sugestão de você associado. Temos consciência de que embora as cobranças não estejam se manifestando, todo ilustrador espera conseguir ajuda, orientação, representação oficial, defesa de seus interesses junto ao mercado, união e estímulo para evoluir profissionalmente. Esse sempre foi o nosso intuito, mas estamos em falta com todos e sabemos que outras agremiações de ilustradores, por mais bem intencionadas que sejam, não possuem como objetivo principal estimular todas essas questões como nós pretendemos.

Estaremos em breve voltando a utilizar a nossa lista de discussão para realizar pesquisas, como o teste de cultura ilustrativa - que irá retornar em breve com algumas modificações – além do serviço de avaliação de portfolio para os associados. Retomaremos o canal de perguntas do Formspring, agora exclusivo da ABIPRO, mais outras novidades, como a integração entre o Portal do Ilustrador e algumas ações que pretendemos realizar, não somente no campo virtual, mas também fisicamente.

Para que tudo isso possa se tornar realidade, precisamos da participação de todos vocês. Estamos no momento precisando renovar o quadro de diretores e conselheiros. Para ser um membro exclusivo basta ser sócio, ter interesse em integrar esse grupo, vontade de contribuir para o coletivo e enviar um e-mail para abipro@abipro.org colocando no assunto da mensagem a palavra "Participação" e no corpo do e-mail apresentar-se e dizer que tipo de trabalho gostaria de desenvolver junto à diretoria. Não precisa necessariamente ter experiência, pois nos predispomos a orientar sobre como e o que cada um pode fazer.

Contamos com a colaboração de todos e esperamos sinceramente que esse ano seja um marco para a ilustração no Brasil, com uma maior participação da associação na vida de cada um. Saibam que a ABIPRO é e será o que nós quisermos fazer dela. Nosso propósito é o de transformá-la num porto seguro para o profissional de ilustração.

Diretoria da ABIPRO
Associação Brasileira dos Ilustradores Profissionais

Bruno Grossi
Eldes de Paula
Felipe Vitti
Flavio Roberto Mota

Como trabalhar com um ilustrador (para o escritor iniciante)


"Estes e mais textos no site da Thais Linhares" thaislinhares.blogspot.com


Antes de tudo, é importante dizer, que tão logo você se torne um ilustrador, ou escritor, conhecido, será comum receber este tipo de proposta de tempos em tempos. Algumas mais profissionais, outras mais leigas. Eu mesma já chateei um bocado de gente no passado com um "Ei, posso ilustrar um livro seu?" doidinha que eu tava pra estreiar no mercado de LIJ.
O caso é que o conteúdo da maioria das propostas revela desconhecimento (compreensível, perdoável) do que é o trabalho do ilustrador (ou em outros casos, escritor, editor).

Não raro, o ilustrador tem uma rotina de trabalho intensa. O editor... mais ainda!!
Quem é do meio sabe da importância de ser capaz de se adaptar a prazos limitados, exigências extremas, horas e horas de pura negociação sobre licenças, projetos visuais. Além do envolvimento natural de diversos tipos de profissionais.

Um livro não tem uma só mãe, ou pai. Tem vários. Na família do livro tem editor, designer, escritor, ilustrador, tradutor... por aí vai.
Esse ilustrador, que tem uma rotina de trabalho intensa, costuma ter de abrir mão de horas de lazer junto à família e projetos pessoais, para cumprir metas e prazos do mercado. Saber trabalhar sob pressão, sem perder a qualidade, saber orçar seu material - de forma que sua remuneração seja condizente com a expectativa de mercado, são talentos importantes.

Logo, é praticamente impossível conseguir mobilizar um ilustrador para um projeto de risco, onde não há garantia concreta de remuneração. Para ser mais claro, o ilustrador verá sua proposta com os mesmos olhos que um editor examina os projetos que lhe chegam.

Pedir que um ilustrador se dedique gratuitamente ao seu projeto, é o mesmo que pedir que alguém invista uma certa quantidade de dinheiro nele. Esse tempo é dinheiro. É o ilustrador pagando para que seu texto tenha uma maior chance junto ao editor. E porque ele faria isso? Existem fatores que poderiam convencê-lo a ser seu sócio, ou não. Falando objetivamente, vamos entender como um ilustrador, ou um editor, vai avaliar sua proposta. Primeiro os contras, e em seguida os prós.

Contra:

1-Autor desconhecido, ou iniciante;
2-Projeto gráfico, e ou ilustrador já determinado - e qualquer outro fator que tire do editor o poder de decisão sobre isso;
3-Falta de originalidade;
4-Falta de talento;
5- Público alvo muito específico;
6-Tema polêmico, ofensivo;
7-Abordagem ansiosa.

Por abordagem ansiosa, me refiro àquelas pessoas que tem dificuldades em receberem uma negativa ou crítica sincera por parte do receptor do texto (costumam tratar pior o ilustrador do que o editor). Quando um editor percebe que está lidando com uma pessoa que se ressente facilmente quando recusada ou criticada, ele costuma evitar qualquer parceria com a mesma. Tal comportamento pode colocar a perder o tempo e dinheiro do parceiro.

Conheci colegas que perdiam projetos já a ponto de ir pra gráfica, por pura egolatria de algum envolvido. Já soube de caso de editor que recebia telefonemas diários de gente cobrando resposta sobre seus textos (não requisitados!!!). Esquecem que até que se assine um contrato o editor não tem nenhuma obrigação para com ele. E que cabe ao editor decidir quanto e como arriscar seu dinheiro. Ídem para o ilustrador.

Não é uma questão pessoal. Infelizmente, nem todos entendem.
Por isso muitos editores sequer dão retorno, ou quando o fazem, usam cartas padrão redigidas por um assistente. Como ilustradora, procuro dar uma resposta. Ainda que não seja obrigada a isso também.

Já os fatores que poderiam convencer um ilustrador a trabalhar em parceria de risco seriam:

1-Autor de renome, boa aceitação no mercado;
2- Originalidade
3- Talento;
4- Acesso ao nicho de mercado pretendido (se for o caso);
5-Flexibilidade no projeto e personalidade;
6- Conhecimento do mercado editorial;
7- Recomendação de terceiros: outros autores, editores, especialistas no nicho pretendido;
8- Texto revisado e previamente criticado por terceiros (Muito importante!!!)

Por flexibilidade, remeto aqui ao oposto da "ansiedade". O remetente deve ser capaz de absorver o impacto da recusa e críticas do editor, ou ilustrador. E mais, de ser aberto a possíveis alterações em seu projeto original, visto que este, uma vez colocado pra desenvolvimento, irá envolver o tempo e talento de outros profissionais.

Seria interessante analisar cada ítem em separado. Durante os eventos literários, no estande da Associação dos Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil, esse tipo de papo amigo costuma ser servido aos visitantes aspirantes a autores - gratuitamente, por puro voluntariado de quem entende o drama (olha a ansiedade aí!) de quem sonha em publicar seus textos ou ilustrações.

Eu convidaria o ilustrador a ler meus textos num blog e procuraria revelar certo conhecimento de mercado. Conseguir contato prévio com um editor, ou investidor que pudesse bancar a pré-produção, sem dúvida ajudariam bastante. Porém, mesmo assim, não é recomendável apresentar a qualquer editor o projeto fechado (já com ilustrador, formato, etc). Salvo casos especiais.

Hoje, só fica inédito quem quer! Com custos bem reduzidos é possível editar seus ebooks, como fazíamos com nossos fanzines de papel. Vendi muito fanzine, pro Brasil inteiro. Imagine fazer isso tendo a Internet?


PS. Essa dicas valem também pra um ilustrador que queira propor um projeto a um escritor. Potencialize suas chances de sucesso ao máximo.
PS2. Compartilhem suas experiências, o que deu certo, o que deu errado.